Em 2015 matriculei o meu filho Lourenço no Colégio de São Francisco Xavier e, logo de seguida, por coincidência, fui convidada para coordenar a abertura e o funcionamento do 2.º Ciclo nessa instituição. Não imaginava o impacto que essa decisão teria nas nossas vidas.
O Colégio não é apenas um local de trabalho onde todos têm as suas funções e os seus papéis bem definidos, na verdade, é muito mais do que isso… Um professor no Colégio de São Francisco Xavier transmite conhecimentos na sala de aula, mas é também chamado a partilhar os seus dons em prol do Projeto Educativo e, dessa forma, multiplicar as suas funções, sempre com dedicação e uma enorme entrega à causa que Ana Maria Javouhey preconizou nas primeiras décadas do século XIX e que as Irmãs de São José de Cluny souberam perpetuar até aos nossos dias: a educação do Homem na sua plenitude, «como chave e única forma de se ser verdadeiramente livre». É comum encontrar-se o professor que afinal é artista plástico, artesão ou até chefe de cozinha, a educadora que ecoa cânticos pelos corredores e enche a capela com o seu canto, a professora autora de letras musicais, coreografa e encenadora, a psicóloga que é apresentadora de espetáculos… e tantas funcionárias e funcionários com múltiplos dons em diversas áreas… No Colégio, todos são convidados a colocar ao serviço da educação o que melhor sabem fazer e, dessa forma, proporcionar às crianças um ensino rico e sempre focado na individualidade de cada aluno, pois estes são também chamados a partilhar o melhor de si e a deixar a sua marca nesta instituição. Olho para trás e recordo nomes e qualidades de alunos do Colégio, muitos nem foram meus alunos, mas nesse espaço foram conhecidos pelo seu nome próprio e pela sua personalidade.
Fazer parte do Colégio de São Francisco Xavier é, por isso, muito mais do que cumprir uma função, é oferecer as suas potencialidades e colocá-las ao serviço de uma causa, como referi anteriormente, é estar disponível para assumir diferentes papéis para que tudo funcione sem falhas, como se de uma família se tratasse. As Irmãs são o primeiro exemplo, são dirigentes, porteiras, educadoras, professoras, enfermeiras, ajudam na cozinha e onde forem necessárias. O seu exemplo replica-se nos professores, nas educadoras e nos funcionários e essa missão partilhada transforma aquela instituição numa “casa comum”, onde todos trabalham para proporcionar um ensino de qualidade aos alunos.
É desta vivência especial, mantida por um grupo coeso e amigo, que diariamente pulsa ao sabor de um Projeto Educativo onde a componente espiritual tem um papel aglomerador, que nasce uma educação integral, em que todas as dimensões humanas são valorizadas. O exemplo de um Homem Bom, Jesus, guia e inspira todos aqueles que fazem parte desta instituição, incentivando-os a dar o melhor de si e a colocarem-se ao serviço dos outros. A excelência dos alunos do Colégio, não só em termos académicos, mas em aquisição de valores, provém deste
brilho pessoal que nasce dos exemplos que são vividos e é neste contexto que o Colégio de São Francisco se distingue das demais instituições de ensino.
Por tudo o que vivi, aprendi e recebi no colégio, como professora e como encarregada de educação, deixo aqui uma enorme gratidão a todos aqueles que lá trabalham e às Irmãs, que enfrentando os desafios dos novos tempos, entregam as suas vidas para perpetuar uma causa que se mantém atual.